Importância ambiental dos margaridões-amarelos da estação Jaraguá

nikeepernik@gmail.com

Cultivo e pesquiso o vegetal Tithonia diversifolia Gray (margaridão-amarelo) desde o mês de junho de 1999. Estudo a área íngreme de 700 a 1000 metros quadrados da CPTM próxima a estação Jaraguá, entre a rua Doutor Felipe Pinel, um condomínio residencial, o colégio Morales Lopes e o viaduto que passa sobre a ferrovia, onde há centenas de exemplares dessa espécie, desde 2010. Por isso, quero lhes falar sobre a importância de sua preservação.
Margaridão-amarelo
Margaridão-amarelo
O Margaridão-amarelo, apesar de ser vegetal exótico (originário do México), revelou-se ser em minhas pesquisas importantíssimo para preservação da biodiversidade, por ser melissotrófico e ornitotrófico, e por florescer nos meses de outono e inverno, época na qual escasseiam as floradas de vegetais de espécies da flora nativa, e por produzir sementes nutritivas para as aves granívoras.

Nós pesquisadores denominamos vegetal melissotrófico o que produz alimentos para as abelhas, ou seja, o que alimenta abelhas.

Terreno da CPTM próximo à estação Jaraguá, onde centenas de margaridões-amarelos
Foto do terreno da CPTM, próximo à estação Jaraguá, onde centenas de
margaridões-amarelos podem ser vistos no topo à esquerda
Em outras palavras, melissotrófico, termo da língua grega, define de forma abrangente qualquer vegetal que produza pólen e néctar ou somente pólen ou néctar para as abelhas em geral: Bombus, Xylócopa, Apis mellifera e Abelhas Sem Ferrão (ASF) de espécies Eussociais ou Solitárias.

Exemplares de margaridões-amarelos do meu quintal, no Jaraguá.
Exemplares de margaridões-amarelos do meu quintal, no Jaraguá


O margaridão-amarelo como vegetal melissotrófico

Desde o mês de maio do ano 2000 quando floresceram pela primeira vez as plantas-testemunhas, as quais provêm de estacas trazidas do município de Francisco Morato, SP, tentei fotografar abelhas coletando alimentos dos floretes de seus capítulos.

Devido a altura das plantas, sempre foi difícil captar flagrantes fotograficamente, mas mesmo assim, ao longo dos anos, consegui alguns, que são os seguintes:
Abelha mamangaba da espécie Bombus
Abelha mamangaba da espécie Bombus
Abelha irapuá (Trigona spinipes)
Abelha irapuá (Trigona spinipes)
Abelha mandaçaia (Melipona quadrifasciata)
Abelha mandaçaia (Melipona quadrifasciata)
Abelha solitária de cor metálica (Augoschlorini)
Abelha solitária de cor metálica (Augoschlorini)
As abelhas do grupo Augoschlorini são solitárias e de cores metálicas. Elas são de diversos tamanhos e visitam os capítulos dos margaridões-amarelos.


O Margaridão-amarelo como vegetal Ornitotrófico

Nos meses de outono e inverno, várias espécies granívoras da avifauna indígena ou espécies exóticas existentes no bairro Jaraguá procuram e se alimentam das sementes do margaridão-amarelo, as quais contêm alta taxa de óleo.

Abaixo apresento (com imagens do portal Google, pois, eu mesmo não consegui fotografar por falta de equipamento fotográfico profissional) as espécies de passarinhos, os quais foram flagrados catando as sementes nas plantas-testemunhas do margaridão-amarelo, em meu quintal:

Pintassilgo de cabeça preta (Carduelis magellanica)
Pintassilgo de cabeça preta (Carduelis magellanica)
Pardal (Passer domesticus), espécie exótica originária da Europa
Pardal (Passer domesticus), espécie exótica originária da Europa
Periquito Tuim (Forpus xanthopterygius), uma ave pertencente à família dos psitacídeos
Periquito Tuim (Forpus xanthopterygius), uma ave pertencente à família dos psitacídeos
Periquitão-maracanã (Aratinga leucophthalmus)
Periquitão-maracanã (Aratinga leucophthalmus)
A floração nas plantas-testemunhas de minhas pesquisas e no grupo de plantas existentes no terreno íngreme com face Norte pertencente à CPTM geralmente começa entre a última semana de abril e a primeira semana de maio, e se estende por sessenta dias aproximadamente.

Quando acaba a floração dos margaridões-amarelos, as sementes em cada capítulo necessitam de 35 a 40 dias para se formarem e amadurecerem, por isso, até 40 dias depois do fim da floração, os passarinhos visitam os capítulos para catarem sementes formadas e maduras.

Não se deve, portanto, cortar ou roçar os troncos dos margaridões-amarelos antes de passarem 40 dias, contando desde o dia que acabou a floração, pois assim a avifauna da região poderá aproveitar as sementes de todos os capítulos.

Por vezes, na ausência completa de sementes de outras espécies de vegetais, os passarinhos movidos pela fome buscam os margaridões-amarelos para comer sementes formadas, porém não bem amadurecidas.

Links de outros trabalhos:
Sobre o Autor:
Nikolaos Argyrios Mitsiotis Nikolaos Argyrios Mitsiotis foi o fundador da Associação Paulista de Apicultores Criadores de Abelhas Melíficas Europeias. É pesquisador autodidata.

Comentários

  1. Muito legal o texto e ajuda a desmitificar o termo exótico que nem sempre é ruim, na realidade temos muitos exemplos bons. Parabéns pela pesquisa.

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    1. O pesquisador Nikolaos Argyrios agradece. Obrigado pela sua participação!

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  2. Vejo uma luta para preservar o alimento de seres essenciais à nossa sobrevivência. Parabéns por seu esforço em divulgar informações que servem de alerta. Espero que os homens do poder atentem para suas informações. Denise - Goiás.

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    1. O pesquisador Nikolaos agradece os elogios. Obrigado pela sua participação!

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  3. Plantei uns pés, estou ansiosa para a floração!

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