O que é o Território de Interesse da Cultura e da Paisagem Perus Jaraguá?

Os Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem (TICP) são espaços de gestão urbana organizados por meio de iniciativa popular, aprovados no contexto do Plano Diretor de São Paulo de 2014 e que vêm sendo desenvolvidos por lideranças regionais desde então.

"São territórios que possuem aspectos urbanísticos, históricos, ambientais e culturais interessantes e relevantes para a educação e para a memória", diz o coordenador da Comunidade Cultural Quilombaque, José Soró, que participou das reuniões de criação do projeto, "no início previmos 10 unidades em São Paulo e o TICP Perus Jaraguá (TICP-PJ) [representado no Mapa 1, a seguir] é uma delas. Por enquanto, além desta há outra unidade chamada TICP Paulista-Luz, um subterritório na região Consolação-Paulista e outros territórios em articulação em Pinheiros, Bixiga e São Mateus", revela.

Mapa 1: Área do TICP-PJ (2016). Fonte: Prefeitura de São Paulo
Mapa 1: Área do TICP-PJ (2016). Fonte: Prefeitura de São Paulo

De acordo com Soró, criar os TICPs foi bastante difícil, pois além de o conceito ser novo ele leva em conta um processo diferente daquele de criar zoneamentos especiais. E mais, ele envolve a articulação e integração de diversos objetos presentes no território com a perspectiva de estimular aí um desenvolvimento inclusivo e sustentável.

Características do Território de Interesse da Cultura e da Paisagem Perus Jaraguá (TICP-PJ)

O TICP-PJ é resultado de vivências e estudos realizados desde 2013 por integrantes da Faculdade de Urbanismo (FAU-USP) e moradores da região noroeste de São Paulo no contexto da chamada Universidade Livre Colaborativa.
Apesar de expor os nomes Jaraguá e Perus no título, o TICP-PJ se estende por outros três distritos, sendo eles os de Anhanguera e parte de Parque São Domingos e Pirituba. Conforme o "Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras: Macrorregião Norte 2" (2016) editado pela Prefeitura de São Paulo, o TICP-PJ se caracteriza pela presença de equipamentos culturais, patrimônios tombados, pela atuação de movimentos coletivos, elementos ambientais como parques, áreas verdes e remanescentes de vegetação da Mata Atlântica.

O Mapa 2 a seguir (clique para ampliar), retirado do referido caderno, expõe os principais pontos de interesse do TICP-PJ:

Mapa 2: TICP-PJ (2016). Fonte: Prefeitura de São Paulo
Mapa 2: TICP-PJ (2016). Fonte: Prefeitura de São Paulo

Compare os números a seguir com os do Mapa 2 para saber a localização de cada ponto de interesse:
  1. Fábrica de Cimentos Portland
  2. Estação Perus
  3. Casarão Fazendinha
  4. Vila Triângulo
  5. (Não consta na lista oficial)
  6. Cavas de Ouro 1
  7. Cavas de Ouro 2
  8. Cavas de Ouro 3
  9. Cavas de Ouro 4
  10. Estação Jaraguá
  11. Hospital Psiquiátrico Pinel
  12. Casa de Nassau
  13. Castelinho de Pirituba
  14. Casarão do Anastácio
  15. Praça Inácia Dias
  16. Parklet Perus
  17. Comunidade Cultural Quilombaque
  18. Canhoba (Ocupação Artística)
  19. Biblioteca Padre José Anchieta
  20. Praça do Samba
  21. Cemitério Dom Bosco (Ditadura)
  22. Cemitério Getsemani
  23. Associação Moradores Parque Anhanguera
  24. Igreja de Nossa Senhora da Conceição
  25. Aldeia 1
  26. Aldeia 2
  27. Coreto de Taipas
  28. Escola de Soldados
  29. Capela Santa Cruz de Pirituba
  30. Clube Campestre Jaraguá
  31. Antiga Fábrica de Pianos
  32. Igreja São Luiz Gonzaga
  33. Mercado Municipal de Pirituba
  34. Centro Cultural Arte Nuclear
  35. Antigo Cine São Luis
  36. Casario 1920
  37. Antigo Lanifício (Shopping Pirituba)
  38. Parklet Pirituba
  39. Campo dos Engenheiros
  40. Instituto Federal de Tecnologia
  41. Biblioteca Brito Broca
  42. Balneário Pirituba (Clube Escola)
  43. Vila Fiat Lux
  44. Antigo Cine Perus
  45. Casa de Hip Hop
  46. CEU Perus
  47. CEU Anhanguera
  48. CEU Pera Marmelo
  49. Comunidade Cultural Quilombaque
  50. CEU Vila Atlântica
  51. EMEF Recanto dos Humildes
  52. EMEF Jairo Almeida
  53. EMEF Deputado Roger Ferreira
  54. EMEI Estrada do Corredor
  55. EMEF Dr. José Kauffmann
  56. EMEI Professora Antonieta de Barros
  57. EE Gavião Peixoto
  58. EMEF Fernando Gracioso
  59. EMEF Philó Gonçalves
  60. EMEF Julio Oliveira
  61. EMEF Candido Portinari
  62. EMEF Jardim Monte Belo
  63. EMEF Prof. Marili Dias
  64. EMEF Jardim Britânia
  65. EMEF Paulo Prado
  66. EMEF Remo Rinaldi
  67. CECI Jaraguá
  68. ETEC Jaraguá
  69. Instituto Federal de Tecnologia
  70. Clube Escola
  71. ETEC Doroti Quiomi K.
  72. Quinta Parada (Rua Eduardo Grusius)
  73. Parque Pinheirinho D'Água
  74. Parque Anhanguera
  75. Parque Linear Ribeirão Vermelho
  76. Parque Aterro Bandeirantes
  77. Parque Bordas da Cantareira
  78. Parque Brasilândia A e B
  79. Parque Cavas de Ouro
  80. Parque Cidade de Toronto
  81. Parque Jacinto Alberto
  82. Parque Jardim Felicidade
  83. Parque Linear Perus
  84. Parque Linear Perus
  85. Parque Linear Perus
  86. Parque Linear Córrego do Fogo
  87. Parque Morro Grande
  88. Parque Pinheirinho D'Água
  89. Parque Rodrigo Gásperi
  90. Parque São Domingos
  91. Parque_
  92. Parque  Luta dos Queixadas
  93. Parque Estadual Jaraguá
  94. Serra da Cantareira
As cores na lista anterior representam o seguinte:
  • Laranja: Patrimônios Tombados
  • Vermelho: Pontos de Interesse Cultural
  • Lilás: Polos Educacionais
  • Azul: Escolas
  • Marrom: Projetos de Educação Ambiental
  • Verde: Pontos de Interesse Ambiental
Como você pode observar, essa lista (que é a oficial) abrange muitos pontos de interesse, porém, ainda está incompleta. Nela não consta, por exemplo, o Casarão Afonso Sardinha; a Escola Pública Estadual Isabel Vieira de Serpa e Paiva (primeiro colégio do Jaraguá); os sítios arqueológicos Jaraguá I, Jaraguá II e Olaria II (entre outros que possam estar localizados na região norte 2); a Escola Oscar Blois, que leva esse nome por causa do inusitado artista miniaturista jaraguense Oscar Blois; o Bosque Francisco Bazin que em breve poderá ser convertido em parque de nome Parque Alcides Motta; e nem a antiga pedreira de quartzo do Pico do Jaraguá (em processo de tombamento pelo Conpresp).

Projetos culturais como o Casarão Arte Livre e o Cultura & Conceito também não estão na lista. Isso sem falar em pontos de interesse geológicos e históricos de uso dos minerais da região, tais como os levantados na dissertação de mestrado "Uma narrativa histórica e geográfica de paisagem da porção noroeste da metrópole de São Paulo: uma contribuição à educação", de autoria da geógrafa Ana Cristina Valcárcel Vellardi.

Por outro lado, a mesma lista inclui lugares que segundo o caderno mencionado neste artigo estão em planejamento e, portanto, ainda não existem. É o caso do Parque Bordas da Cantareira, Parque Luta dos Queixadas e Parque Aterro Bandeirantes, entre outros.

Para os cidadãos e cidadãs que desejam participar do desenvolvimento do TICP-PJ, a melhor coisa a se fazer atualmente é procurar a Comunidade Cultural Quilombaque, em Perus, cujos integrantes estão constantemente tocando no assunto nas redes sociais e nas suas reuniões periódicas na sede da instituição.

Sobre o Autor:
Marinaldo Gomes Pedrosa Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976.

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