Desde há muito tempo, o Pico do Jaraguá (1.135 m) localizado no bairro Jaraguá, periferia noroeste de São Paulo, é tema de pinturas e gravuras de vários artistas nacionais e internacionais. Neste artigo, você poderá conhecer algumas delas, as quais abrangem o período de 1812 até 1999.
As pinturas e gravuras que você verá a seguir são de Evandro Carlos Frascá Poyares Jardim (1935), Henrique Manzo (1896-1982), John Mawe (1764-1829), Thomas Ender (1793-1875), Gladys Maldaun (1943), Sandro Manzini (1903-?), Innocêncio Borghese (1897-1985) e José Wasth Rodrigues (1891-1957).
Sobre o Autor:
As pinturas e gravuras que você verá a seguir são de Evandro Carlos Frascá Poyares Jardim (1935), Henrique Manzo (1896-1982), John Mawe (1764-1829), Thomas Ender (1793-1875), Gladys Maldaun (1943), Sandro Manzini (1903-?), Innocêncio Borghese (1897-1985) e José Wasth Rodrigues (1891-1957).
- Autorretrato:
"Autorretrato" é uma gravura produzida em 1964 pelo gravador, desenhista e pintor paulista, Evandro Carlos Frascá Poyares Jardim.
Entre 1953 e 1957, Jardim foi estudante de pintura, modelagem, escultura e gravura em metal na Escola de Belas Artes de São Paulo, a qual por sua vez teve como um de seus fundadores o pintor Henrique Manzo, que será abordado mais adiante neste texto.
Como se pode observar, além do Pico do Jaraguá e do Pico do Papagaio (1.127 m), essa gravura conta com a figura de um negro e a inscrição "as torres da montanha".
Anexada à gravura está um recorte de jornal ou livro/ata que conta a história de captura e execução na forca dos escravos Chrispim e Malaquias, nos idos de 1839, na Vila de Laranjeiras.
O recorte não informa, mas a Vila de Laranjeiras é provavelmente o atual município de Laranjeiras, que fica no estado do Sergipe, onde dois escravos com os mesmos nomes já mencionados sofreram a mesma pena.
Não se sabe porque Jardim relacionou o Pico do Jaraguá com a Vila de Laranjeiras, mas podemos considerar o fato de que durante muito tempo a mão-de-obra de escravos negros foi utilizada nas minas de ouro localizadas na região do Jaraguá e adjacências.
"Autorretrato" (1964) de Carlos Jardim. Imagem: acervo Associação Profissional de Artistas Plásticos de São Paulo |
- Sinais, manchas e sombras:
Esta é uma obra sem título pertencente à série "Jaraguá, sinais: manchas e sombras" criada em 1979 por Jardim, pintor já mencionado no tópico anterior.
O artista recriava suas obras com constância.
A imagem a seguir, por exemplo, teve ao menos outras duas versões.
Gravura de Carlos Jardim criada em 1979. Imagem: acervo Associação Profissional de Artistas Plásticos de São Paulo |
- Anos 1940:
Este é um quadro do pintor Henrique Manzo, morador do Jaraguá até 1982 (quando morreu).
Manzo foi um dos fundadores da Escola Paulista de Belas Artes, onde deu aulas até a década de 1960.
Manzo foi um dos fundadores da Escola Paulista de Belas Artes, onde deu aulas até a década de 1960.
Nesta obra, vê-se uma vegetação esparsa, com muitas gramíneas.
No plano de fundo, o topo do Pico do Jaraguá parece estar coberto por uma nuvem.
Nas ruas de terra não há carros, só cavalos.
No plano de fundo, o topo do Pico do Jaraguá parece estar coberto por uma nuvem.
Nas ruas de terra não há carros, só cavalos.
O quadro pode ter sido pintado nos anos 1940 ou 1950.
- Narciza Manzo:
Esta é outra obra de Manzo, na qual ele retrata sua esposa, Narciza Manzo.
A galeria nomeada "Narciza" existente até hoje no bairro Jaraguá é uma homenagem a esta mulher.
No plano de fundo, os dois picos do bairro, os quais estão entre os maiores da cidade de São Paulo.
Ambos estão sem as antenas, o que indica que a pintura foi feita durante a década de 1950 ou antes.
Narciza Manzo e os dois picos do bairro Jaraguá em pintura da década de 1950 ou antes. Foto: acervo Liz Rabello |
- Mineração:
Esta gravura foi produzida pelo mineralogista inglês, John Mawe, em 1812.
Denominada "Uma visita na lavagem de ouro no Jaraguá, perto de São Paulo", esta obra foi publicada originalmente no livro "Viagens ao interior do Brasil" pelo referido mineralogista, em Londres.
Trata-se da única imagem encontrada até os dias atuais acerca das atividades de mineração no Pico do Jaraguá, que por sua vez é retratado no plano de fundo.
Ao lado direito da gravura é possível observar uma ou duas araucárias, que eram árvores abundantes na região, mas cujas matas começaram a ser severamente desmatadas a partir do século 19 por colonos que as utilizavam para a construção de casas, móveis e objetos diversos.
Aqui temos uma aquarela de Thomas Ender datada de 1817.
Neste trabalho, o tema principal do pintor é o largo dos Curros (atual praça da República).
No horizonte distante, no entanto, o artista tem o cuidado de inserir não apenas o Pico do Jaraguá e Pico do Papagaio, mas também o que hoje chamamos de elevado das Torres Parque Taipas (+/- 1.211 metros de altitude) à direita.
Denominada "Uma visita na lavagem de ouro no Jaraguá, perto de São Paulo", esta obra foi publicada originalmente no livro "Viagens ao interior do Brasil" pelo referido mineralogista, em Londres.
Trata-se da única imagem encontrada até os dias atuais acerca das atividades de mineração no Pico do Jaraguá, que por sua vez é retratado no plano de fundo.
Ao lado direito da gravura é possível observar uma ou duas araucárias, que eram árvores abundantes na região, mas cujas matas começaram a ser severamente desmatadas a partir do século 19 por colonos que as utilizavam para a construção de casas, móveis e objetos diversos.
Gravura de John Mawe datada de 1812. Foto: acervo Arquivo Histórico Municipal. |
- No horizonte distante:
Aqui temos uma aquarela de Thomas Ender datada de 1817.Neste trabalho, o tema principal do pintor é o largo dos Curros (atual praça da República).
No horizonte distante, no entanto, o artista tem o cuidado de inserir não apenas o Pico do Jaraguá e Pico do Papagaio, mas também o que hoje chamamos de elevado das Torres Parque Taipas (+/- 1.211 metros de altitude) à direita.
Aquarela de Thomas Ender produzida em 1817. Foto: acervo Arquivo Histórico Municipal. |
- Na outra margem:
Nesta aquarela produzida pela artista Gladys Maldau em 1999 podemos sentir a poética do Pico do Jaraguá visto depois da outra margem do rio que provavelmente é o Tietê ou o Pinheiros.
Ao compararmos os quadros de Manzo com esta pintura de Gladys podemos perceber um cenário com esparsas casinhas simples no primeiro caso e amontoadas residências e até prédios no segundo.
É curioso observar que o rio que outrora serpenteava pelo planalto, agora é reto como uma régua.
Obra "Pico do Jaraguá" (1999), de Gladys Maldaun. Foto: Antonio Reginaldo Canhoni/FPMSCS |
- Entardecer:
"Entardecer" é uma pintura pós-impressionista de Sandro Manzini.
O artista usou óleo sobre madeira para produzi-la.
Esta obra foi criada provavelmente na década de 1930.
O sol se põe no horizonte do vale do Jaraguá e o seus morros se destacam.
No primeiro plano, as luzes de algumas casas são acesas.
Luzes elétricas ou luzes a gás (lampião)?
Talvez as duas opções, posto que São Paulo começou a usar luz elétrica nas ruas em 1905, mas o serviço de iluminação a gás só foi extinguido em 1936.
"Entardecer" (década de 1930), por Manzini. Foto: acervo Perez & Prado |
- Velho solar:
Obra de nome "Velho solar bandeirante aos pés do Pico do Jaraguá", de criação do pintor Innocêncio Borghese.
Hoje, o referido solar é popularmente conhecido como Casarão Afonso Sardinha.
Hoje, o referido solar é popularmente conhecido como Casarão Afonso Sardinha.
A pintura não tem data, porém, é possível verificar que ela foi produzida anteriormente à instalação das antenas, ou seja, nos anos 1950 ou antes.
O projeto paisagístico local, o qual contemplou a criação da Concha Acústica do PEJ, dos quiosques e também das alamedas internas (que não constam na paisagem da pintura), só começou a ser realizado nos anos 1970.
Borghese participou ativamente do Salão Paulista de Belas Artes entre os anos 1934 e 1940 e no Salão Nacional de Belas Artes entre os anos 1950 e 1961.
Borghese participou ativamente do Salão Paulista de Belas Artes entre os anos 1934 e 1940 e no Salão Nacional de Belas Artes entre os anos 1950 e 1961.
"Velho Solar" (pintura de Borghese criada anos 1950 ou anteriormente). Foto: acervo Omar Toledo Damião (Pinterest) |
- Portais:
As duas aquarelas de José Wasth Rodrigues que você vê a seguir fazem parte de um pré-projeto de criação de portões para o PEJ.
A obra é datada de 1950.
O portão de cima é intitulado "Jesuítico" e o de baixo como "Arco do triunfo".
O projeto nunca foi realizado.
Quem olha atentamente vê que o Pico do Jaraguá tem formas que não batem nas duas figuras.
Talvez isso tenha acontecido não por falta de preocupação com a precisão, mas porque provavelmente os portões eram para posições diferentes do parque, o que fez com que o autor retratasse o monte por ângulos distintos.
Portais para o Pico (aquarelas de Rodrigues datadas de 1950). Foto: acervo do Arquivo Histórico de São Paulo |
Extras
O quadro com um São Paulo Apóstolo nas redondezas do Pico do Jaraguá que você vê a seguir foi pintado pelo artista Edmundo Migliaccio (1903-1983) e doado à Câmara Municipal de São Paulo em 1957:
Obra de Edmundo Migliaccio nos anos 1950. Foto: acervo Câmara Municipal de São Paulo |
Outras obras de arte sobre o Pico do Jaraguá
Estas são apenas algumas das obras de arte criadas por pessoas que retrataram o Pico do Jaraguá em primeiro ou em segundo plano.
Elas abrangem um período que vai desde 1812 até 1999.
Caso você seja um artista e queira anexar sua obra a este post, envie sua arte juntamente com o seu nome completo, data de nascimento, história e data de criação para o e-mail disponível no menu "contato" deste site.
Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976. |
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