Malha cicloviária já chegou ao bairro Jaraguá, mas tem um problema

Jaraguá tem 3,6 quilômetros de ciclovia computados na malha cicloviária da cidade de São Paulo
Jaraguá tem 3,6 quilômetros de ciclovia computados
na malha cicloviária da cidade de São Paulo
A malha cicloviária já chegou ao bairro Jaraguá, periferia de São Paulo. Conforme a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), desde outubro de 2014 o distrito conta com uma ciclovia de 3,6 quilômetros localizada no Parque City Jaraguá, próximo ao Cantareira Norte Shopping.

Com percurso bidirecional, essa ciclovia passa pelos seguintes logradouros:
  • Av. Amador Aguiar;
  • Av. Nelson Palma Travassos;
  • Av. Prof. Miguel Franchini Netto;
  • Rua Jairo de Almeida Machado;
  • Rua Prof. Onésimo Silveira.
O projeto possui Marcação de Cruzamento Cicloviário nos cruzamentos da: 
  • Avenida Nelson Palma Travassos com a rua Prof. Afonso José Fioravanti;
  • Avenida Amador Aguiar com a rua Prof. Onésimo Silveira;
  • Avenida Amador Aguiar com a rua Av. Prof. Miguel Franchini Netto.
Só que essa ciclovia tem um problema. Apesar de ela passar próxima ao Parque Pinheirinho D'Água, Etec Jaraguá, shopping, Atacadão, Dicico, Hospital de Taipas, Coreto de Taipas e de várias empresas, entre outros lugares/referências da região; e de conectar moradores do Jardim Rincão, Parque Panamericano, Jardim Marilu e outros vilarejos do bairro Jaraguá, ela não se conecta a outras localidades mais amplas.

"Não existe no Jaraguá um sistema cicloviário se considerarmos a ligação ponto a ponto com outros equipamentos públicos. Os 3,6 quilômetros que existem na região foram uma exigência jurídico-legal para compensar o impacto viário do shopping center construído nas proximidades", conta o educador-escritor do coletivo CicloZn, Antonio Miotto (vide biografia no fim deste artigo), "a ciclovia ali não se conecta com a estação Vila Aurora de trens, que possui bicicletário, não liga-se ao CEU Pêra Marmelo, que é um equipamento cultural, e não possui ligação com as AMAs, UBSs, etc.", conclui.

Posição da ciclovia dentro do bairro Jaraguá
Posição da ciclovia dentro do bairro Jaraguá
Além disso, a falta de conexão com outras ciclovias que conduzam o ciclista do distrito para outros bairros e para o centro da cidade de São Paulo impede que os interessados em pedalar (seja para o trabalho, lazer ou turismo) possam fazê-lo com o mínimo de segurança.

A título de exemplo, o Pico do Jaraguá é um importante polo cicloturístico de São Paulo. Pessoas de todos os cantos da cidade vêm ao lugar todos os dias para percorrer os 4,5 quilômetros da Estrada Turística que levam ao topo e depois à base do elevado. Mas para terem a chance de pedalar nessa que é a maior ladeira do município, os ciclistas que vêm do centro e de outros bairros e cidades adjacentes precisam fazer uma perigosa cicloviagem pelas marginais e pelo acostamento das rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Rodoanel.

O ciclista Luciano Manzetti, 44 anos, que organiza o Mega Pelotão Pico do Jaraguá há quase dois anos, por exemplo, conta que em uma das 18 edições do evento nas quais ele traz entre 60 e 90 ciclistas ao bairro, um motorista tentou atropelá-los na marginal, "quando estávamos perto do Estadão ele entrou de propósito no meio do grupo a uns 40 km/h. Felizmente todos conseguiram desviar a tempo e ninguém saiu ferido", recorda.
Se, no entanto, ainda não há ciclovias que conectam o Jaraguá a outras partes do próprio distrito e da cidade, o mapa 08 intitulado "Malha Cicloviária Planejada e Implantada" (vide imagem editada a seguir) publicado no Caderno de Mapas do Plano Municipal de Mobilidade de São Paulo oferece a possibilidade dos ciclistas ao menos sonharem com elas, confira:

Mapa da Malha Cicloviária Planejada e Implantada da cidade de São Paulo. O bairro Jaraguá está dentro do quadrado verde (Clique para ampliar).
Mapa da Malha Cicloviária Planejada e Implantada da cidade de São Paulo.
O bairro Jaraguá está dentro do quadrado verde (Clique para ampliar).

Conforme se vê na legenda do mapa, a meta é:
  • Construir uma ciclovia na avenida Raimundo Pereira de Magalhães (linha lilás) até 2020;
  • Construir uma ciclovia ao que parece (o mapa não está claro) na Rodovia Anhanguera ou próxima a ela (linha azul) até 2024;
  • Construir uma ciclovia ao que parece (o mapa não está claro) na estrada Turística do Jaraguá (linha rosa) até 2030.
Mas há um porém. "É importante salientar que não existe plano cicloviário sem um plano de mobilidade urbana que envolva a redução da velocidades das vias, calçadas caminháveis, ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas, corredores de ônibus e seus terminas", alerta Miotto.

Contudo, se estas ciclovias saírem desse mapa para a realidade, elas vão conectar o Jaraguá a diferentes pontos da cidade, aumentar o turismo local, melhorar a segurança para os ciclistas, proporcionar mais economia para quem usa ônibus, mas quer usar a bicicleta, entre outros benefícios.

  • Biografia dos entrevistados:
* Antonio Miotto, 50 anos, educador-escritor, é integrante do CicloZn e responsável pelo LIVRAR, projeto realizado em parceria com uma biblioteca da região norte de São Paulo que visa a distribuição de poesias e o compartilhamento de livros e revistas com a população. O CicloZn, por sua vez, é um coletivo de ciclistas que tem como objetivo incentivar o uso da bicicleta como principal meio de transporte. Este educador virá ao Jaraguá para participar do evento Cultura & Conceito.

* Luciano Manzetti, 44 anos, segurança patrimonial, é organizador do evento Mega Pelotão Pico do Jaraguá, que já está na 18ª edição.

Sobre o Autor:
Marinaldo Gomes Pedrosa Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976.

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