Um time de várzea com sede no
distrito Jaraguá foi tema de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para fins de licenciatura em Ciências Sociais na Universidade Nove de Julho. O documento intitulado "
As influências culturais do Panela Problema F.C. no bairro da Vila Aurora" - escrito ao longo dos dois últimos anos pelo agora sociólogo, antropólogo e professor Gabriel Barros da Silva (26) - foi analisado por uma banca de doutores da referida universidade em meados de 2017.
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Panela Problema F.C. tem uniforme laranja (inspirado na Holanda de Seedorf).
Foto: acervo Torcida Panelaço |
"Comecei fazendo algo de cunho científico e me apaixonei pelo tema e principalmente pelo clube. Me tornei um torcedor do Panela", diz Barros, que mora na Vila Aurora, "mas cientificamente falando, acredito que esse TCC tem como função retratar, ainda que de maneira ínfima, o valor da várzea e a manutenção da cultura do futebol na periferia, o modo como ela opera e tudo o que ela envolve, não apenas o jogo em si, mas a série de hábitos que a integram", explica.
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Barros durante apresentação do TCC à banca de doutores da Universidade Nove de Julho. Foto: acervo Barros |
Ao longo do trabalho, Barros apresenta a história do futebol no Brasil e no mundo. Depois, afunila o tema até chegar ao Panela Problema F.C., time que imprime sobre a comunidade da Vila Aurora uma ideologia que gera uma sensação de família e de pertencimento aos moradores locais.
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Uso de sinalizadores é um dos hábitos que torcedores do Panela
não podem realizar em jogos profissionais. Foto: acervo Torcida Panelaço |
Mais além, o antropólogo demonstra como indivíduos de torcidas organizadas rivais como Gaviões da Fiel, Mancha Verde, Independente, Torcida Jovem e outras de grandes clubes convivem pacificamente em prol do Panela Problema F.C. e emprestam a este time de várzea uma conotação de torcida organizada de elite. Ele entrevista torcedores que dizem que no contexto do Panela Problema F.C. eles podem fazer uma batucada, acender sinalizadores, levantar bandeiras e beber uma cervejinha entre amigos, coisas estas muitas das quais não podem ser feitas em um estádio durante jogos de times profissionais.
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Equipe do Panela Problema F.C. Foto: acervo Torcida Panelaço |
Barros revela também como os integrantes do time e da torcida do Panela Problema F.C. realizam obras de assistência à comunidade. Ele aborda ainda a questão da elitização da várzea que faz com que determinados times paguem para contar com jogadores melhores no plantel e expõe como muitos jogadores não querem mais participar de jogos em campos de terra, mas somente em campos com gramado sintético.
Por fim, ele demonstra como a especulação imobiliária e a urbanização (que toma o espaço dos campos de futebol) e a tecnologia (que captura a mente e o coração das crianças) respectivamente atrapalham o presente e o futuro da várzea, "a várzea é muito importante, ela é a resistência ao futebol moderno e à elitização de um esporte que pertence ao povo", diz.
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Grafite de Robinson dos Anjos (Jamal) em parede de bar que foi sede da torcida do Panela Problema F.C. Foto: Jamal |
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Batucada da torcida do Panela Problema F.C. Foto: acervo Torcida Panelaço |
Agora que se formou em Ciências Sociais, Barros pretende lecionar Sociologia e Antropologia, "a sociedade está carente destas disciplinas por todo um contexto histórico que conhecemos", informa. Ele também visa continuar com os estudos antropológicos sobre futebol amador e subcultura do futebol profissional para, talvez, se tornar um cronista do esporte no futuro.
Sobre o Autor:
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Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976. |
Muito bacana esse artigo !
ResponderExcluirFiz um para ajudar quem está fazendo o TCC
Da uma olhada e me diz o que acha
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