Grupo de paulistanos convida população para ação voluntária em aldeia indígena do Jaraguá

A Tekoa Pyau (Aldeia Nova) foi fundada em 1996. Foto: Google Earth
A Tekoa Pyau (Aldeia Nova) foi fundada em 1996.
Foto: Google Earth
Um grupo de moradores da região Noroeste de São Paulo convida a população da cidade para a realização de trabalhos voluntários em território indígena da etnia guarani mbya localizado no bairro Jaraguá.

O mutirão acontecerá no próximo domingo, dia 18 de dezembro de 2016. Os interessados devem formar caravanas e/ou se encontrar com os líderes do movimento no cruzamento da Estrada Turística do Jaraguá com a rua Comendador José de Matos, nas proximidades da Tekoa Pyau (Aldeia Nova), a partir das 10 horas do referido dia.

De acordo com a moradora do Parque São Domingos e estudante do segundo ano do colegial da EE Professor Manuel Ciridião Buarque, Isadora Maria Barbosa Matos, 16 anos - que é uma das líderes do movimento que conta com outros nove organizadores na faixa dos 15 aos 30 anos - a ação é totalmente independente e foi agendada com os líderes guaranis, "todos os responsáveis da tribo estão cientes", diz, "fizemos uma reunião com todos, incluindo o cacique e o pajé".

O evento é aberto para pessoas de todas as idades. Para participar, basta doar aos guaranis produtos como:
  • Roupas
  • Ração
  • Alimentos
  • Materiais de limpeza
  • Itens de asseio pessoal
  • Brinquedos
  • Produtos diversos
E/ou serviços como:
  • Cortes de cabelo
  • Marcenaria
  • Produção de arte grafite
  • Produção musical
  • Cuidados com animais
  • Manutenção em geral
  • Limpeza
  • Conscientização sobre demarcação das terras indígenas
  • Conscientização sobre privatização do Parque Estadual Jaraguá
  • Serviços diversos
No dia, simultaneamente aos trabalhos voluntários, os guaranis realizarão uma cerimônia de consagração das frutas, a qual acontece anualmente na tribo. Por isso, a doação de frutas também é importante.

"Todos os que estiverem dispostos a doar a si e aprender, independentemente da idade, serão bem-vindos", diz Isadora. Além das ações voluntárias, os organizadores esperam conhecer melhor a cultura dos guaranis, assimilar as dificuldades de ser índio na grande metrópole e compreender como é o choque cultural, social e territorial do ponto de vista deles.


Jaraguá tem quatro aldeias indígenas


O bairro Jaraguá conta atualmente com quatro aldeias indígenas, são elas:
  • Tekoa Ytu (Aldeia da Cachoeira)
    Fundada em 1964 por Jandira Kerexu Augusta Vinicius Guarani e Joaquim Kuaray Augusto Martins Guarani, esta aldeia tem apenas 2 hectares e é reconhecida pela Fundação Nacional do Índio como a menor terra indígena do Brasil. Possui escola de ensino fundamental.
  • Tekoa Pyau (Aldeia Nova)
    Esta aldeia foi fundada em 1995 por José Fernandes. Ela conta com uma tenda que os índios chamam "Casa de Reza". É exatamente nesta aldeia onde aconteceraá a maioria dos trabalhos voluntários.
  • Tekoa Itawera (Aldeia da Pedra Reluzente)
    Trata-se de uma das aldeias mais novas. Recentemente, os indígenas da Itawera realizaram uma campanha para o financiamento coletivo da construção de sete banheiros e uma estação de tratamento de esgoto.
  • Tekoa Itakupe (Aldeia Atrás da Pedra)
    Esta aldeia tem este nome porque fica do outro lado do Pico do Jaraguá, isto é, literalmente "atrás da pedra" (Itakupe no idioma guarani). Em 2015, alunos do curso de Jornalismo da Universidade Paulista produziram o documentário "Atrás da Pedra: resistência Tekoa Guarani", o qual se relaciona à Tekoa Itakupe. Saiba mais sobre isso no artigo "Três documentários sobre o bairro Jaraguá".

    Nas imediações da Tekoa Itakupe existem ruínas de uma antiga mina de quartzo, cujos relatos em texto e imagens (fotos e vídeos) inéditas na web você poderá ler e ver no post "Conpresp quer tombar ruínas de antiga pedreira de quartzo localizada no Jaraguá".
Juntas, estas quatros aldeias formam o que conhecemos hoje como território indígena do Jaraguá (TI Jaraguá). Atualmente, os seus moradores enfrentam problemas de saneamento básico e saúde, além de perda de identidade cultural (alguns integrantes acabam mesclando a cultura guarani com a cultura do homem branco), problemas com demarcações de terras e com animais (geralmente cachorros) rejeitados que são abandonados por pessoas não identificadas nas proximidades das aldeias.


Como chegar à Tekoa Pyau


Para saber mais sobre esse evento, acesse a agenda "Trabalho Voluntário na Tekoa Pyau" no Facebook. Nos comentários públicos entre organizadores e participantes realizados no âmbito dessa agenda é 
possível perceber que muitas pessoas e coletivos de São Paulo estão planejando comparecer ou prestar algum tipo de ajuda aos guaranis na ocasião.

Se você é uma dessas pessoas, saiba que poderá chegar ao local por meio dos seguintes meios de transporte:
  • Ônibus 8007 (Jardim Nova Esperança), que sai do Terminal Pirituba
  • Ônibus 8047/10 (Jaraguá), que sai do Mercado da Lapa
  • Ônibus 8040/Sol Nascente, que sai do Mercado da Lapa
  • Trem da CPTM com desembarque na estação Vila Clarice (1 Km da aldeia)
Para quem vai de carro, a Tekoa Pyau fica na rua Comendador José de Matos, 386, bairro Jaraguá, periferia de São Paulo.

Sobre o Autor:
Marinaldo Gomes Pedrosa Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976.

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