Primeira casa de alvenaria do Jaraguá sobrevive ao tempo e ultrapassa os 100 anos

Primeira casa de alvenaria do bairro Jaraguá, onde hoje
está instalada a floricultura Flores Casa Blanca

O bairro Jaraguá completa 125 anos com muitos pontos de referência, mas nenhum como aquela casa localizada no número 209 da avenida Jerimanduba, em meio a um resquício de vegetação. De acordo com o livro Meu bairro, minha cidade da Prefeitura Municipal de São Paulo, tal residência - onde hoje funciona a floricultura Casa Blanca - foi a primeira a ser construída com a técnica de alvenaria no distrito. Antes dela, as edificações da área eram feitas ao modo taipa.

A título de comparação, o método de taipa consiste em preencher gradeados de madeira com barro amassado para fabricar paredes. No caso do Casarão Afonso Sardinha, que foi construído com a técnica de taipa de pilão nos sopés dos picos do Jaraguá e do Papagaio em 1580, por exemplo, foram usados (além de barro) vísceras de animais, sangue e folhas secas. Já no modo alvenaria, por sua vez, as paredes são levantadas com tijolos fixados um a um com argamassa, o que oferece grande resistência aos projetos arquitetônicos.

Placa em frente ao Casarão Afonso Sardinha indica a técnica
de construção do tipo taipa de pilão

Interior da primeira casa de alvenaria do bairro Jaraguá
localizada na avenida Jerimanduba

De acordo com Alex Onoda, que dirige a Flores Casa Blanca desde 1993 juntamente com seu pai, Mário Onoda, aquela edificação de alvenaria foi construída entre 1900 e 1910 pelos Azambuja. Com 7 cômodos, o propósito original era servir de hospedaria para pessoas que estavam em viagem desde o centro da cidade até o interior do estado São Paulo. "A família Azambuja possuía uma chácara que ia desde a estação Jaraguá até a Vila Aurora. Tanto o pedaço de terreno quanto essa casa onde está instalada essa floricultura ainda são deles, de modo que nós pagamos aluguel para poder utilizar", diz Alex.

Fundos da casa de alvenaria onde está instalada a
floricultura Flores Casa Blanca

Janela de um dos 7 cômodos da primeira casa de
alvenaria do Jaraguá (com vista para
a avenida Jerimanduba) 

Mesmo com a durabilidade que a alvenaria proporciona e que manteve a casa de pé por mais de 100 anos, não há como fugir das manutenções, "nós tivemos que retirar o telhado antigo, que tinha telhas que haviam sido produzidas literalmente nas coxas de escravos", comenta Alex, "elas estavam cheias de cupins, por isso, nós as substituímos por telhas de amianto", revela.

A casa está localizada no núcleo do bairro. Para quem quiser saber mais sobre essa região, o artigo "12 imagens de satélite revelam evolução do Centro do bairro Jaraguá" expõe algumas mudanças ocorridas ali ao longo 13 anos (de 2003 a 2016). Vale a pena conferir!

Sobre o Autor:

Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976.