Entrevista: Thiago Carvalho revela como produziu os documentários "Ribeirão das Lavras" e "Atrás da Pedra"
Thiago Carvalho é jornalista, fotojornalista e documentarista. Ele já atuou no Grupo Comunique-se, TV Cultura, Grandes Nomes da Propaganda e Record News. Dos seus 28 anos, 23 foram vividos em um vilarejo do bairro Jaraguá chamado Jardim Ipanema próximo do qual estão instaladas seis aldeias dos índios guaranis, tema de seus filmes.
O seu projeto mais famoso até agora, no entanto, é o doc "Atrás da Pedra: resistência Tekoa Guarani (2015)" produzido em sociedade com os também jornalistas Guilherme Queiroz e Taís Oliveira e originalmente apresentado como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo na Universidade Paulista. O filme, que aborda a retomada das terras da Tekoa Itakupe (Aldeia Atrás da Pedra) pelos índios, já foi mencionado em sites como o do Terra, Portal Imprensa, Zoom Magazine, Portal Comunique-se, Rede Brasil Atual, Portal Vermelho, Curta Doc, Observatório da Qualidade no Audiovisual e em outras dezenas de páginas na internet. Anexa ao curta-metragem foi produzida uma exposição fotográfica de altíssima qualidade intitulada "Atrás da Pedra: por uma terra sem males".
Na entrevista a seguir, realizada pelo jornalista e editor do Jaraguá SP Post, Marinaldo Pedrosa, Carvalho revela como produziu seus documentários e explica como será o seu próximo filme, confira:
Conheça também outros filmes produzidos no distrito:
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Thiago Carvalho tem se destacado como documentarista em grandes portais da Internet. Foto: acervo Thiago Carvalho |
Na entrevista a seguir, realizada pelo jornalista e editor do Jaraguá SP Post, Marinaldo Pedrosa, Carvalho revela como produziu seus documentários e explica como será o seu próximo filme, confira:
Marinaldo Pedrosa (MP): quando e como você descobriu que poderia e que queria ser documentarista?
Thiago Carvalho (TC): foi no terceiro para o quarto ano de Jornalismo, quando decidi que faria um documentário em curta-metragem como trabalho de conclusão de curso, o qual mais adiante passou a ser chamado de "Atrás da Pedra".MP: como foi a sua evolução até a produção do seu primeiro documentário?
TC: foi árdua e cheia de aprendizado tanto técnico quanto com as histórias das fontes. Antes de produzi-lo eu procurei estudar um pouco, mas o contato com a fotografia me ajudou muito.Thiago Carvalho e equipe em ação na TI Jaraguá. Foto: acervo Thiago Carvalho |
MP: como você avalia a produção de "Atrás da Pedra"?
TC: foi como planejado. Só a repercussão que não esperava, mas foi como queríamos. Por isso, meus amigos e eu trabalhamos muito e nos dedicamos ao máximo para produzir o "Atrás da Pedra". Foi entrega total.MP: como você avalia a produção de "Ribeirão das Lavras"?
TC: o documentário "Ribeirão das Lavras" me levou a outro "campo" de atuação em documentários etnográficos, pois comecei a produzir com a ajuda da própria comunidade, ou seja, as pessoas da aldeia. Isso permitiu que eles (nada melhor do que eles) pudessem contar sua história com seu próprio olhar. Apesar de toda a dificuldade em equipamentos e nenhum apoio de patrocínio, sempre conseguimos passar a mensagem.MP: como você avalia a repercussão dos seus documentários até agora na internet e fora dela?
TC: são filmes feitos para internet mesmo. Webdocumentários ativistas. O "Atrás da Pedra" alcançou o Brasil. Digo isso porque chegou aos parentes guaranis mbyás de outras cidades e estados, além de parentes de outras etnias. "Atrás da Pedra" foi o primeiro filme a falar em demarcação de terras nas aldeias do bairro Jaraguá e ajudou a dar visibilidade para essa questão. Muita gente ainda nem imagina que existem aldeias na cidade de São Paulo e que seus moradores lutam pela demarcação de direito. Acredito que o doc contribuiu com esta visibilidade."Tem que ter vontade, paciência, equipe e procurar se aprofundar no tema que deseja abordar" - Thiago Carvalho. Foto: @rafayane |
MP: quais as maiores dificuldades para se produzir um documentário hoje em dia?
TC: cinema no Brasil é um caso difícil. Nem mesmo damos valor às produções daqui, imagina então a dificuldade para quem faz. Meus filmes são de "guerra", isto é, com baixissimo investimento. Mas acredito que a maior dificuldade é a de divulgar/apresentar (quando você já tem um equipamento básico). Há muitos editais hoje em dia, mas alguns muito burocráticos.MP: você acha que o bairro Jaraguá pode gerar outros documentaristas? Que caminho um cidadão do bairro que queira se tornar um documentarista deve seguir?
TC: acredito que sim e dou muito valor a quem registra sua "quebrada". Jaraguá tem história e muita coisa para falar. Tem que ter vontade, paciência, equipe e procurar se aprofundar no tema que deseja abordar.MP: quais os seus projetos futuros?
TC: estou dirigindo, ao lado de uma amiga jornalista, outro filme na aldeia Jaraguá. Vamos trazer como tema consciência ambiental e resgate da cultura guarani. Será um longa-metragem e tem a participação dos amigos guaranis na produção. O filme vai orientar, educar e emocionar.Conheça também outros filmes produzidos no distrito:
Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976. |
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