O portal de entrada na Vila Eliana - um dos destinos do meu projeto "Expedições fotográficas pelos vilarejos do bairro Jaraguá" - é um beco seguido de uma escadaria com ao menos trinta degraus assimétricos integrado à avenida Alexios Jafet, nas proximidades do supermercado Kibe.
Assim que ponho meus pés nesse lugar, no dia 12 de agosto de 2016 por volta das 17h30, avisto os picos do Jaraguá e do Papagaio, cujas bases estão a apenas 800 metros de distância.
Passo pelo bazar e alfaiataria Banos, que fica na esquina do beco, desço a escada e chego à rua Carbono, na qual entro em um estabelecimento chamado Vital Redes de Proteção.
- Aqui nós trabalhos com redes que podem ser usadas em prédios, residências, quadras e outros locais. Elas oferecem mais segurança para as pessoas - me informa Patrícia Dias dos Santos, que faz o trabalho de atendimento no lugar.
Ela me mostra uma série de redes, cada uma feita com materiais e formatos diferentes para propósitos como os de proteção para janelas, sacadas, escadas e coberturas, por exemplo.
- Essas redes podem impedir a passagem do mosquito da dengue? - pergunto.
- Sim, claro - diz Patrícia e, na sequência, me mostra uma com espaços pequenos o suficiente para impedir a passagem de insetos.
Digo para Patrícia que pretendo conhecer o vilarejo e ela me informa que a Vila Eliana começa apenas no final da rua. Me despeço e caminho 100 metros até o lugar indicado por ela. Descubro que se trata da avenida Jerimanduba, que começa a 1 quilômetro dali, embaixo do viaduto e ao lado da estação Jaraguá de trens da CPTM.
Prossigo pela avenida que é continuada pela rua Alpestre e esta, por sua vez, termina paralelamente com a Rodovia dos Bandeirantes. No fim, passo por um portão e entro em uma trilha de terra cercada com estacas de concreto e filetes de metal e arame farpado onde tiro algumas fotos.
Nesse lugar, enquanto clico as imagens exibidas anteriormente, encontro uma mulher chamada Fátima de Oliveira.
- Achei que você fosse um dos guardas - ela me conta.
- Quais guardas?
- Aqueles que vêm aqui de vez em quando e ficam filmando os carros que passam pela rodovia.
- Aplicando multas? - quero saber.
- Não sei dizer, moço.
Fátima me informa que os filhos dela moram na casa que fica no final a trilha. Peço permissão para ir um pouco mais além, o que ela me concede. Avanço e, no meio do matagal, avisto um cristo com os braços abertos voltado para a autopista.
Um senhor sai de dentro da casa e vem em minha direção. É Valdeci Pereira dos Santos, que diz ser o ajudante geral da residência. Ele parece incomodado com a minha visita, mas mesmo assim, tento manter um diálogo.
- O senhor saberia dizer a quanto tempo este cristo está instalado aqui?
- Olha, antes de eu começar a trabalhar aqui, há quatro anos, ele já estava aí.
- Quem são os donos daqui?
- O dono morreu e deixou para os filhos.
Santos não me revela o nome da família à qual o terreno pertence e me diz para sair porque ele precisa fechar o portão. Enquanto ando para fora do sítio, ele me diz que há 3 meses pintou o cristo com cal.
Agradeço ao Santos pelas informações e retorno para a rua. Por fim, visito os logradouros restantes onde avisto o condomínio Colinas da Oeste, o qual é formado por dez prédios coloridos que somam 200 apartamentos com 210 metros quadrados cada. É por causa de construções como essa (além da altitude) que o Jaraguá é considerado o bairro mais vertical de São Paulo.
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O portal de entrada à Vila Eliana |
Assim que ponho meus pés nesse lugar, no dia 12 de agosto de 2016 por volta das 17h30, avisto os picos do Jaraguá e do Papagaio, cujas bases estão a apenas 800 metros de distância.
Passo pelo bazar e alfaiataria Banos, que fica na esquina do beco, desço a escada e chego à rua Carbono, na qual entro em um estabelecimento chamado Vital Redes de Proteção.
- Aqui nós trabalhos com redes que podem ser usadas em prédios, residências, quadras e outros locais. Elas oferecem mais segurança para as pessoas - me informa Patrícia Dias dos Santos, que faz o trabalho de atendimento no lugar.
Sede da Vital Redes de Proteção |
Ela me mostra uma série de redes, cada uma feita com materiais e formatos diferentes para propósitos como os de proteção para janelas, sacadas, escadas e coberturas, por exemplo.
- Essas redes podem impedir a passagem do mosquito da dengue? - pergunto.
- Sim, claro - diz Patrícia e, na sequência, me mostra uma com espaços pequenos o suficiente para impedir a passagem de insetos.
Digo para Patrícia que pretendo conhecer o vilarejo e ela me informa que a Vila Eliana começa apenas no final da rua. Me despeço e caminho 100 metros até o lugar indicado por ela. Descubro que se trata da avenida Jerimanduba, que começa a 1 quilômetro dali, embaixo do viaduto e ao lado da estação Jaraguá de trens da CPTM.
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Vista da Vila Chica Luisa (no primeiro plano) e dos picos do Jaraguá e do Papagaio (no fundo da foto) a partir da rua Alpestre, na Vila Eliana |
Rodovia dos Bandeirantes (no primeiro plano) e algumas vilas do bairro de Pirituba (no fundo da foto) vistos a partir da rua Alpestre, na Vila Eliana |
- Achei que você fosse um dos guardas - ela me conta.
- Quais guardas?
- Aqueles que vêm aqui de vez em quando e ficam filmando os carros que passam pela rodovia.
- Aplicando multas? - quero saber.
- Não sei dizer, moço.
Fátima me informa que os filhos dela moram na casa que fica no final a trilha. Peço permissão para ir um pouco mais além, o que ela me concede. Avanço e, no meio do matagal, avisto um cristo com os braços abertos voltado para a autopista.
Assim como na cidade do Rio de Janeiro, a Vila Eliana no bairro Jaraguá tem um Cristo de braços abertos |
- O senhor saberia dizer a quanto tempo este cristo está instalado aqui?
- Olha, antes de eu começar a trabalhar aqui, há quatro anos, ele já estava aí.
- Quem são os donos daqui?
- O dono morreu e deixou para os filhos.
Santos não me revela o nome da família à qual o terreno pertence e me diz para sair porque ele precisa fechar o portão. Enquanto ando para fora do sítio, ele me diz que há 3 meses pintou o cristo com cal.
Condomínio Colinas da Oeste. Foto: Ambiente Arquitetura |
Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976. |
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