Expedição fotográfica à Vila Nova Jaraguá
Vista da rua Nova Jaraguá |
A Vila Nova é composta por 13 vias, a maioria ladeiras que culminam em 860 metros de altitude. Subo uma delas e chego ao fundo do vilarejo, em uma rua chamada Nova Jaraguá.
No final daquela via, na varanda de uma casa, encontro Jorge da Silva Andrade, baiano de Ilhéus, que mora há 21 anos no distrito, 20 dos quais no Parque Panamericano e apenas 1 na atual localidade.
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Campinho de terra da rua Nova Jaraguá |
Depois de ouvir isso, começo a imaginar que "lugar melhor" para o Andrade é provavelmente um local com uma economia melhor, já que Ilhéus - perto do mar - deve ser um paraíso natural ímpar, isto é, um excelente lugar para se viver.
Lucas Cardoso faz entregas de moto para o Delivery Mãe e Filha Comida Caseira |
Andrade está acompanhado de seu genro, Lucas Cardoso, que sai de dentro de casa e vem até onde estou para tentar entender os meus propósitos naquelas bandas do bairro.
- Estou pesquisando os vilarejos do distrito para produzir artigos para um blogue e para um futuro livro - explico. E você, mora por aqui? - pergunto.
- Eu moro na Nova Esperança - ele diz.
- Então você vem aqui uma vez por semana?
- Na verdade eu venho todos os dias. Eu trabalho aqui. Eu faço entregas de moto para o Delivery Mãe e Filha Comida Caseira, que é da família do meu sogro.
Depois de um breve bate-papo, peço para o Cardoso me levar a um campinho de terra que fica a 30 metros de onde estamos, o único espaço que as crianças do lugar têm para se divertir. Lá descubro uma Estação Elevatória da Sabesp onde lê-se "Vila Nova Jaguara II".
Detalhe do campinho de terra |
O erro da Sabesp ao demarcar a estação elevatória com "Jaguara" ao invés de "Jaraguá" |
- Além de escreverem "Jaguara" ao invés de "Jaraguá", eles puseram um "dois" em algarismos romanos. Isso significa que tem uma Vila Nova Jaraguá I por perto? - questiono.
- Não mesmo. Essa daqui é a única.
Olhando bem o local, por alguns segundos, recordo que já estivera naquele campinho em 2009 para ver uma experiência com abelhas africanas e abelhas nativas realizada pelo técnico apicultor Nikolaos Argyrios Mitsiotis.
Abelha africanizada (fotografada em 2009 no campinho de terra da Vila Nova durante experiência do apicultor Nikolaos Argyrios) |
Abelha indígena sem ferrão. Nome popular: Mandaçaia Nome científico: Melipona quadrifasciata (fotografada em 2009 no campinho de terra da Vila Nova durante experiência do apicultor Nikolaos Argyrios) |
Jorge da Silva Andrade mora há 1 ano na Vila Nova |
Beco com saída, que leva à rua Bela Vista do Ivaí |
Os picos do Jaraguá e do Papagaio vistos a partir da rua Bela Vista do Ivaí |
- Tenho 67 e moro aqui há 38 anos. Sou pernambucano de Caruaru.
- Como era aqui quando você chegou? - quero saber.
- Aqui só tinha dez ou doze casas. Eu vim para cá por causa da paisagem - ele revela. É muito bom viver aqui. Isso aqui é o Morumbi dos pobres.
Moacir mora na Vila Nova há 38 anos |
Depois dessa experiência, Barbosa me convida para entrar na casa dele, que é bem alta, mas quando subo as escadas, bato minha cabeça no teto baixo da passagem. Tenho 1,89 metros e sempre me esqueço de abaixar para evitar essas pancadas.
No andar de cima conheço Érika Lisboa, nora de Barbosa. De lá, clico fotos da vila, dos picos e da cidade ao longe. Percebo que, em algumas partes da casa há plantas de variadas espécies.
Parte da Vila Nova vista do andar de cima da casa de Moacir |
Vista do andar de cima da casa de Moacir |
A família Barbosa abre a janela e dá de cada com um tucano. Foto: acervo de Érika Lisboa Barbosa |
Animais saem da mata e sobem até o segundo andar da residência dos Barbosa para comer sementes e pequenos frutos de plantas como esta. Foto: acervo de Érika Lisboa Barbosa |
Saguis surgem com frequência e frequentam o segundo andar da casa dos Barbosa, na Vila Nova, para comer sementes e frutos. Foto: acervo Érika Lisboa Barbosa |
Barbosa mostra o terreno em frente de sua casa onde segundo ele passava uma trilha de terra que deveria ser uma rua oficial |
Como eu também tinha as minhas explorações para fazer, digo ao Moacir que voltarei outro dia para que eu e ele possamos fazer uma trilha naquele "parque de diversões" e conhecer melhor aquela área.
Volto para as ruas. O sol forte me força a tomar um gole de água a cada cinco minutos. Desço a rua Manuel Isidoro Brenhas ora bebendo, ora clicando. Entro na Luiz Lopes da Silva no mesmo compasso e, na sequência, acesso a Simpliciano Ferreira e vou parar na Manoel das Neves.
Destaque natural na rua Manoel das Neves |
O Mercado N.S. de Fátima está há 30 anos na região |
Vista da rua Praia dos Estaleiros com duas das seis torres do Bosque Jaraguá (à direita) e com o que parece ser parte da Pedreira Juruaçu, em Perus (no fundo da foto, à esquerda) |
Saio daquele aglomerado de vias e vou para a rua Mar Alto, uma ladeira adjacente que pertencia antigamente a um vilarejo chamado Jardim Zoológico, mas que hoje (segundo moradores) também faz parte da Vila Nova Jaraguá.
- Aqui é tranquilo... - me informa Thiago da Silva Rodrigues, 28, que mora no lugar há tempos - é tranquilo até demais!
A rua Mar Alto tem o formato de "U" como uma rampa de skate hiper radical. A partir da sua ponta no lado Nordeste vê-se um pedaço da área de vegetação adjacente à Rodovia dos Bandeirantes (o "parque de diversões do Moacir"). Já da ponta Sudoeste é possível enxergar três torres de comunicação posicionadas em um monte de 960 metros de altitude no Jardim Bandeirantes e a Borda da Cantareira, bem como prédios e residências da Vila Clarice e além.
Ponta Sudoeste da rua Mar Alto com a Borda da Cantareira ao fundo da foto |
Torres de comunicação no Jardim Bandeirantes vistas a partir da rua Mar Alto |
Vila Clarice e além com vista a partir da rua Mar Alto |
Marinaldo Gomes Pedrosa é formado em Jornalismo pela UniSant'Anna. Vive no bairro Jaraguá desde 1976. |
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